quarta-feira, 30 de março de 2011

Entrevista de Fernando Meirelles

Em entrevista concedida em fevereiro deste ano, Fernando Meirelles mencionou a importância dos atores para um trabalho como "360", seu novo filme.
Pouco tempo depois, Meirelles reforça seu interesse por interpretação em texto escrito em Londres, durante as filmagens de "360". Nele, o diretor comenta como foi trabalhar com o alemão Moritz Bleibtreu, ator pouco conhecido no Brasil, que trabalhou em filmes como "Corra, Lola, Corra" (1998) e "Munique" (2005). Ao descrever a forma de atuar de Bleibtreu, Meirelles destaca as sutilezas com as quais o diretor se depara durante filmagens, sobretudo quando se tem um elenco internacional, como acontece em "360", que mistura atores ingleses (Rachel Weisz e Jude Law), brasileiros (Maria Flor e Juliano Cazarré), além de um galês (Anthony Hopkins), um francês (Jamel Debouzze) e, claro, o alemão. Na situação mencionada - justamente durante a cena final da produção - o resultado foi feliz e serviu como "um presente" ao diretor. Leia o texto abaixo, escrito em 26 de março, na íntegra.


"Dirigir este filme não será muito diferente de dirigir um táxi, já percebi. A cada dia embarca um novo passageiro com um destino diferente.
Segunda-feira foi a vez do ator alemão Moritz Bleibtreu entrar no barco. Fui encontrá-lo em seu hotel depois do nosso primeiro dia de filmagem. Conexão instantânea. Em 10 segundos estávamos falando do seu personagem e sobre atuação. Tenho enorme interesse em saber qual estrada cada ator pega para entregar sua encomenda. Gosto do assunto não só para saber como tocá-los, mas também pelo prazer de observar quão maleável e flexível pode ser a mente humana.

Caminhos absolutamente opostos podem levar a um mesmo lugar. Apesar de ter um passado selvagem, Moritz é alemão e tem método, mas não o Method - este ele desconsidera. Seu caminho é outro: primeiro procura ter cada palavra dos seus diálogos completamente decorada a ponto de não precisar pensar nelas na hora em que a câmera estiver rodando. No set gasta um tempo prestando atenção e estudando cada movimento que fará, garantindo ao montador a possibilidade de cortá-lo em qualquer sílaba sem risco de ter um garfo ainda na boca ou uma virada de cabeça que não estará no take seguinte. Como uma máquina bem regulada, com tudo que ele precisa dizer ou fazer no piloto automático, ele pode esquecer sua própria atuação, prestar atenção no que o ator com quem está contracenando está dizendo e, assim, viver a experiência que está escrita no roteiro. De fato, nós não pensamos em nossas expressões, intonação ou sentimentos ao falar e interagir. É esse desprendimento que ele busca ao tentar automatizar e assim poder esquecer o que tem que fazer.


Essa maneira de se construir um personagem, de fora para dentro, pode soar antiga. Foi justamente em contraposição a essa maneira de atuar que Stanislavsky, nos anos 1930, desenvolveu seu sistema, que acabou sendo reestruturado por Lee Strasberg no Actors Studio, onde ganhou o nome de Method Acting. Dei muita risada ao ouvir o Moritz falar do Method que, para ele, é mais uma obsessão norte-americana em dar nomes às coisas e de criar um marketing, do que algo que ajude os atores a interpretar de fato. 'Para quê eu preciso saber quem é a avó do personagem se ele está apenas num jantar de trabalho?'

Moritz trabalhou com bons atores que usam o Method e disse que nunca se sentiu tão sozinho em cena. Esses atores, diz, passam tanto tempo focados em buscar suas memórias afetivas, a inventar uma história pregressa para seus personagens, a tentar se transformar no personagem que simplesmente se fecham naquele mundo e esquecem que existem outros atores em cena e uma história para ser contada. Na câmera, diz, a coisa funciona, mas para o ator que está ali contracenando é como se não houvesse ninguém do outro lado, é como contracenar com um autista de onde não vem nada. Ele mesmo passou um tempo em Nova York aprendendo a trabalhar por este caminho, mas não se adaptou e abandonou o curso.

Fora o prazer de ouvir esta provocação, sempre achei que o difícil numa atuação não é falar mas sim saber escutar o outro, pegar o que veio e devolver com alguma coisa a mais e assim ir construindo a cena,levando-a para lugares onde só ali, com a câmera rodando, é possível descobrir. Para uma cena ficar boa, ela precisa que todos os envolvidos estejam atentos e sensíveis para deixar que cozinhe um pouco no calor daquele momento entre o ação e o corta. É ali que brotam os sabores. Se eu fosse norte americano eu criaria um método chamado "Cooking Acting" e ficaria rico.

Em uma das cenas rodadas, tentei mudar algumas falas do Moritz depois de 3 ou 4 takes filmados, mas elas simplesmente não saíram orgânicas. Então, por sugestão do Jude Law que contracenava, acabamos cortando-as e voltamos ao roteiro original. Por não estar filmando em sua própria língua essas mudanças se tornam mais difíceis, imagino. De qualquer maneira, no final da cena, que é também o final do filme, Moritz entregou uma performance tão simples mas tão extraordinária que minha insegurança em relação àquele final se evaporou. Em silêncio, apenas com os olhos, o alemão colocou um ponto final em '360', como se me entregasse um presente. Esta eu vou ficar devendo."

Palhaçada geral...

Agora no mês de março tivemos o grande prazer de receber no nosso CAC Walmor Chagas, o curso "Palhaço em 3 tempos" ministrado pelo querido mestre Mané.
Com direito a formatura e diploma. A galera mandou super bem e encheu nosso espaço de alegria e criatividade. Parabéns "Palhaçada"!!!
Confira algumas fotos:



O mestre Mané e seu estágiario.




















quinta-feira, 24 de março de 2011

Oficina Silvana Abreu no CAC Walmor Chagas.




O Ator-Performer: oficina trabalha processo criativo

Ministrada pela atriz, diretora e performer Silvana Abreu, curso terá nove horas de duração e acontece nos dias 21 e 22 de abril no CAC Walmor Chagas.


180311 - Já estão abertas as inscrições para a oficina “O Ator-Performer - Dramaturgia do Desejo”, que será realizada nos próximos dias 21 e 22 de abril, pelo Centro de Artes Cênicas (CAC) Walmor Chagas, com a atriz, diretora e performer Silvana Abreu. Destinado a atores, clowns, bailarinos, performers e estudantes dessas áreas, o curso terá carga horária total de nove horas, as vagas são limitadas e o custo é de R$ 180,00.
Com especialização em Mímica e Teatro Físico, Silvana Abreu foi integrante do Núcleo de Pesquisa e Criação da Mímica Total do Brasil, coordenado por Luis Louis, além de idealizadora e produtora do Projeto Solos do Brasil, com Denise Stoklos, quando criou o espetáculo "Micro-Revolução de Um Ser Gritante", inspirado na obra de Clarice Lispector. A montagem recebeu vários prêmios em festivais nacionais e percorre o Brasil desde 2003, além de já ter se apresentado em países da América Latina e da Europa.
A oficina trabalha o processo criativo do ator a partir da abordagem corporal e autoral, para identificar e potencializar o que cada participante tem de mais expressivo e único, e tem o objetivo de que o performer esteja tão comprometido com a criação (com corpo-voz-pensamento-emoção-intuição) que a cena seja necessariamente intensa, autêntica, prazerosa, alegre e vibrante.
Esse trabalho tem inspiração na Filosofia Contemporânea de Afirmação da Vida, e busca uma aplicação prática de conceitos encontrados em Nietzsche, Spinoza, Bergson e Deleuze, entre outros filósofos.



Serão abordados durante a oficina treinamento de técnicas corporais, introdução ao conceito de dramaturgia para atores-criadores, treinamento do corpo emocional, entre outros.
O Centro de Artes Cênicas (CAC) Walmor Chagas fica na rua Netuno, 41, Jardim da Granja. Mais informações pelo telefone (12) 3941-7631, de terça a sexta-feira, das 14h às 20h.
Serviço:
O Ator-Performer - Dramaturgia do Desejo
Datas e horários: dias 21, das 10h às 13h e das 15h às 18h, e 22, das 10h às 13h
Local: CAC Walmor Chagas - rua Netuno, 41, Jardim da Granja
Para as inscrições: Preencher Ficha de Inscrição, anexar Carta de Interesse do porque deseja participar do Curso e Curriculum resumido (máximo 15 linhas).
Valor: R$ 180,00 - 50% até dia 30 de março e 50% até dia 15 de abril.


Contatos para a imprensa:
Central Comunicação
Andréia Barros – (12) 3921-5367 ou (12) 7814-9934 // ID 99*15242
E-mail: andreiacentral@gmail.com

Nesta Segunda no CineClube Tem...





Ananã Produções, Globo Filmes e Fox Film produzem longa de estréia de Cris D’Amato

Na paixão fulminante entre um diretor de teatro e uma jovem misteriosa, o caso que iniciou o processo de extinção da pena de morte no Brasil ameaça se repetir.

Sem Controle reúne Eduardo Moscovis, Milena Toscano e Vanessa Gerbelli numa história repleta de personagens inusitadas e viradas surpreendentes, que apresenta a questão da pena capital sob uma perspectiva absolutamente nova.

Danilo Porto (Eduardo Moscovis) é um diretor de teatro obcecado com a injustiça cometida contra o fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro, caso que iniciou o processo de extinção da pena de morte no Brasil. Danilo decide montar uma peça sobre Motta Coqueiro, com ele próprio interpretando o fazendeiro e os demais papéis vividos por pacientes psiquiátricos. Quando os limites entre real e imaginário se confundem, Danilo é forçado a reviver os fatos históricos em primeira pessoa, ciente do destino trágico de seu personagem.

Obsessão e amor, pena de morte e loucura, teatro e metalinguagem estão entre os temas que a diretora carioca Cris D’Amato conjuga em seu primeiro longa-metragem, co-produção Ananã Produções, Globo Filmes e Fox Film. D’Amato estréia na direção com a segurança de quem capitaneou sets de filmagem como assistente de direção e diretora assistente em 29 filmes de longa-metragem ao longo de pouco mais de uma década.

domingo, 13 de março de 2011

Cineclub 14/03/2011




Nesta segunda tem:
RICARDO III - Um Ensaio


Em sua estréia como diretor, Al Pacino parte de uma montagem teatral do clássico de William Shakespeare para a contar a história propriamente dita e, ao mesmo tempo, mostrar os bastidores do desenvolvimento da peça, com detalhes como as conversas entre o elenco e a construção das personagens.

Com Al Pacino, Alec Baldwin, Aidan Quinn, Winona Ryder e Kevin Spacey.

sexta-feira, 4 de março de 2011

CarnaClown

No último dia vinte e seis de fevereiro, aconteceu o bélissimo e animado cortejo de carnaval dos palhaços do curso de Clown ministrado pelo "Mestre Mané" no CAC Walmor Chagas.
Dia 13 é a formatura da galera, todos estão convidados.
Bom carnaval á todos!!!!






O Cortejo do CarnaClown


Wallace Puosso ( Ator Cia. Teatro da Cidade)


Andréia Barros ( Atriz da Cia. Teatro da Cidade)


A palhaçada reúnida


Aquecimento




Camarim

terça-feira, 1 de março de 2011

teatrojornal

Entrem no link e curtam o Teatrojornal, vale á pena.
Agradecimentos especial de todos da Cia para o querido Valmir.
Grande Abraço!

www.teatrojornal.com.br




Duas narrativas de Abreu segundo a Companhia Teatro da Cidade





Ana Cristina Freitas, Wallace Puosso e Andréia Barros em Um dia ouvi a lua, direção de Eduardo Moreira - Tito Oliveira


A Companhia Teatro da Cidade cruzou em 2010 duas décadas de existência. E celebrou com dois espetáculos no repertório, trabalhos representativos de sua capacidade de fazer arte e produzir cultura em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, onde interage com políticas públicas junto à Fundação Cassiano Ricardo, responsável pela organização do Festivale, e mantém o seu próprio espaço, o Centro de Artes Cênicas Walmor Chagas. A região do interior paulista é berço de tradições populares, de festejos religiosos, de sotaques e saberes marcantes do imaginário caipira. Daí as variantes cômicas, trágicas e líricas singradas nas dramaturgias de Maria Peregrina, montagem de dez anos atrás, e de Um dia ouvi a lua, recém-estreada, ambas sob a lavra de Luís Alberto de Abreu - um interlocutor mais-que-perfeito na pesquisa continuada do núcleo em torno dos mecanismos narrativos.



Assistir às duas montagens, em intervalo de dias, é condição privilegiada para aferir o quanto são umbilicais.



Simbolicamente, Maria Peregrina evoca o céu e o mar na figura de uma santa de mesmo nome que um dia foi gente, uma cidadã das ruas do bairro de Santana, morta em 1964 e desde então mais uma lenda no panteão local - vulgo 'Nega do Saco' ou 'Maria do Saco'. Inevitável o paralelo com Nossa Senhora Aparecida, a santa negra que batiza a cidade vizinha e cuja imagem foi encontrada por pescadores no século 18.



Um dia ouvi a lua, por sua vez, deita à raiz do chão, à lavoura arcaica em que homens e mulheres semeiam sua moral conforme a transmissão familiar, adultos nostálgicos da inocência de quando não tinham experimentado a maldade de que o mundo também é feito. No título, o satélite da Terra incide diretamente sobre a essência da força do feminino a catalisar a cena.



Em ambos os textos subsistem os sentimentos que a todos guiam ou desviam, o amor romântico ou filial e suas contrafaces, a impossibilidade, a perda, a vingança passional. A negociação nessa gangorra da existência é dada pelas memórias às quais os personagens se acham agarrados ou traídos pela ausência dela.



Quanto à estrutura das duas narrativas, elas são tripartidas.



Em Maria Peregrina, há a história inspirada na personagem-título, em busca do filho morto, entrecontada pelas peripécias de um replicante de Jeca Tatu e pelo drama de uma paixão rediviva à maneira de Lorca.



Em Um dia ouvi a lua, três canções sobre o discurso amoroso dos matutos da chamada música de raiz são adaptadas para o ponto de vista da mulher - das caboclas, digamos assim. Estão lá as modas de viola de João Pacífico e Raul Torres, Cabocla Teresa; de Piraci e Luis Alex, Adeus, morena, adeus; e de Tonico e João Merlini, Rio pequeno - todas elas grávidas de idílios ou conflitos.



Outro eixo comum é o tratamento épico. Nas duas peças, as vozes do eu-personagem e do eu-narrador vão e vêm em recuos que aportam o espectador em relação ao desenrolar dos causos e da ação presente. A mitologia religiosa abarca romarias e novenas como panos de fundo em Maria Peregrina, o caminho penitente para Aparecida do Norte, enquanto o arquétipo da infância é dominante em Um dia ouvi a lua.



A década de estrada de Maria Peregrina dotou a encenação de despojo e refinamento verificáveis na cultura oriental secular. Há um equilíbrio de efeitos e recursos do Teatro Nô já desenhados na dramaturgia de Abreu e sacramentados pela direção de Claudio Mendel, cofundador da companhia. Mesmo com eventuais substituições ao longo desse período, o elenco de sete atores mostra-se decantado no processo em que a vitalidade em cena ou fora dela é exigida o tempo todo no espaço frontal e descoberto de uma ponta a outra. Contrarregragem, interação com objetos, trocas de figurinos e execução musical estão a cargo dos respectivos intérpretes, cantigas, percussões e incidências que respiram no mesmo pulso do que é enunciado, inclusive nos silêncios. Dá-se a química, peculiar aqui, que faz a caipirice ascender enquanto linguagem cênica, sem concessão, envolta em certas passagens sob o manto da teogonia e da ascese.




Adriana Barja, também como Tereza e Louca em Maria Peregrina, direção de Claudio Mendel - Divulgação




Em Um dia ouvi a lua, o ator e diretor Eduardo Moreira, cofundador do Grupo Galpão, é convidado a assinar a montagem gestada em processo de colaboração. São flagrantes as afinidades estéticas eletivas com o núcleo mineiro formado há 27 anos – a recriação das manifestações populares do interior, seu cancioneiro, sua crença, seu princípio gregário, etc. Moreira centra na criação do intérprete, na afirmação do jogo teatral a partir da linha tênue com as memórias de infância dos integrantes também acolhidas no texto.



Mas o universo da criança torna-se um problema. Boa parte do elenco não corresponde à pororoca lúdica para despir-se da estereotipia na voz e na gestualidade. A correlação com as brincadeiras de antanho às vezes estorva. É corrente a quebra de qualidades física e emocional entre o flashback e o pular cordas, o esconde-esconde, a cumplicidade coral. Quando 'adultos', os seis atores fluem mais seguros no tônus dramático na hora de cantar, narrar, representar.



A atriz Adriana Barja surge mais à vontade nesse trânsito de sutilezas de um extremo a outro da vida. Sua personagem Cabocla Tereza é paradoxalmente desejada e assassinada a tiros pelo marido que se diz desonrado na composição sertaneja assim como na diálética que casa a consciência do instante ao fato narrado. Impossível dissociar a atriz da sua outra performance como Tereza, homônima, morta a golpes de faca por um homem traído em Maria Peregrina – enésimo recurso de Abreu para as histórias conversarem entre si, mesmo que não tenham sido pensada embrionariamente uma para a outra, no que o tempo acabou emendando.



Como não poderia deixar de ser, outro elemento vital no projeto é a música, dirigida por Beto Quadros. Ele dividiu os arranjos com Ernani Maletta, assinatura marcante nos espetáculos do Galpão. Os atores estão afinados no cantar e no tocar, harmonizam com os sentimentos expressos nas canções. Mesmo quando cumprem coreografias, instrumentos colados ao corpo, ou ainda quando ziguezagueiam entre as malas – estas um signo potente, sem abuso.



A ressonância de Um dia ouvi a lua está no tom menor com que o espetáculo consegue pôr em primeiro plano as boas e tristes histórias e os seus contadores, isso desde a abertura, quando aparecem reunidos ao redor da fogueira no centro do palco. Eduardo Moreira conviveu semanas com os atores e chegou a bom termo. Fosse uma relação continuada – ele vive em Belo Horizonte -, quem sabe o elenco avançasse no todo na proposição de jogo para a cena.



E em simbiose com Maria Peregrina – pois toda a obra desse dramaturgo transmigra em seus próprios limites, ou deslimites –, temos ancorada a pena do demiurgo Luís Alberto de Abreu e a determinação em subverter a trajetória do herói e colocar a mulher em outros patamares.



(26 de fevereiro de 2011)





Um dia ouvi a lua



Adriana Barja
Ana Cristina Freitas
Andréia Barros
André Ravasco
Caren Ruaro
Wallace Puosso



Codireção: Claudio Mendel
Cenários e figurinos: Leopoldo Pacheco e Ana Maria Bomfin Pitiu
Direção musical: Beto Quadros
Arranjos musicais: Beto Quadros e Ernani Maletta
Iluminação: Claudio Mendel
Produção: Vander Palma
Produção executiva: Carla Maciel
Assistente de produção: Renata Siqueira

Maquiagem e cabelos: Leopoldo Pacheco

Fotografia: Tito Oliveira
Assessoria de Imprensa: Andréia Barros e Carla Maciel





Maria Peregrina



Adriana Barja

André Ravasco

Caren Ruaro

Conceição de Castro

Tamara Cardoso

Vander Palma.



Cenário e figurino: Carlos Eduardo Colabone
Iluminação: Daniel Augusto e Claudio Mendel
Fotos: Tito Oliveira e Rosi Canto
Assessores de imprensa: Andreia Barros e Diego Dionisio
Produção executiva: Carla Maciel

Sinédoque, Nova York

Sobrou para mim a tarefa (árdua) de escrever para esse blog sobre as sensações ao assistir ao filme Sinédoque Nova York, exibido ontem à noite (28/2), no Centro de Artes Cênicas (CAC) Walmor Chagas, dentro da programação do Cineclube Magneto. Confesso que ainda estou atordoada e incomodada e que desejo assisti-lo novamente.

O filme é a primeira direção de Charlie Kaufman (“Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” e “Quero ser John Malkovich”), e tem como protagonista o magnífico Philip Seymour Hoffman. Quantas perguntas:

Como identificar o limite entre realidade e ficção? Como lidar com nossos medos, anseios, desejos, neuroses, angústias? Os caminhos que trilhamos são exatamente aqueles que queremos “nos” encontrar? As nossas incertezas, as nossas dúvidas nos fazem ficar diante da morte? A morte é as nossas incertezas? O filme é catártico! Conta história de um diretor de teatro que passa por uma crise em seu casamento. Após exibir sua mais nova peça, sua esposa e sua filha mudam-se para a Alemanha. Ao mesmo tempo recebe a informação de que ganhou um prêmio, uma espécie de incentivo, para construir sua mais nova peça.
É um personagem submisso e que é simplesmente levado ao fluxo dos acontecimentos. Ao longo do filme, parece acumular a dor dessa submissão, sempre em um processo de reflexão interior, sem nunca compartilhar essa dor.
Durante esse processo de esclarecimento, começa a construir a sua "peça", cuja proposta é reproduzir suas dores, suas angústias e seu silêncio.

Tudo passa a ser o simulacro que anestesia o que existe como seu drama pessoal. É um filme maravilhoso por deixar existente esse paralelo entre a realidade e aquilo que reproduzimos sobre ela. Para quem faz teatro é obrigatório assistir. Sobre o ser e estar! A certeza e a dúvida! Sobre a dualidade de tudo! Sobre o homem! É... tudo a ver para quem faz teatro...ou não!



Andréia Barros